domingo, 12 de fevereiro de 2012

Livres de pré-conceitos?




Após a leitura da página 98, do livro Compostela: Muito além do Caminho de Santiago de Mhanoel Mendes e Beto Colombo, destaco um trecho:

 “Num clima de gratidão, lembro eu, nestes dois últimos refúgios, fomos recebidos como verdadeiros seres humanos. Ninguém nos perguntou de onde éramos qual nosso extrato bancário ou se tínhamos bens” (Mhanoel Mendes – Além do Caminho de Santiago).

Diz Mhanoel Mendes: (...) como verdadeiros seres humanos. O que me faz refletir, o que é ser HUMANO? Estamos agindo desta forma?
A diferença entre o homem e todas as outras espécies vivas do planeta terra, esta no ato de pensar. Somos seres que possuímos raciocínio lógico, dotados de inteligência. Faço uma pausa em meu pensamento. Inteligência? Sim inteligência, no entanto muitas vezes esta é puramente racional, ou seja, desprovida de emoção.
Talvez isto explique porque normalmente venhamos a nos preocupar apenas com a aparência externa, e quando Mhanoel diz: “Ninguém nos perguntou de onde éramos, qual nosso extrato bancário ou se tínhamos bens”, causa-me o que Augusto Cury chama de “choque de lucidez”, ou a própria psicologia de insight que na linguagem popular é o famoso “cair a ficha”.
Percebo-me dentro deste ciclo, preso a uma cultura que valoriza muito mais o que você possui, do que a verdadeira essência de cada um de nós. Me faz lembrar que acredito que pelo fato de ter 21 anos, normalmente quando conheço uma nova pessoa antes mesmo de me perguntar o nome, vem o questionamento: Que curso você faz? Fazendo-me refletir novamente, desta vez, sobre a supervalorização do diploma, que exclui milhares de indivíduos que não conseguiram chegar ao meio universitário, quando como diz Eduardo Marinho foram boicotados nas redes publicas de ensino.
A palavra pré-conceito, na sua escrita, já é possível extrair seu significado: emitir um conceito anterior a experiência, seja sobre uma pessoa, lugar, imagem enfim...
Considerando a supervalorização dos bens materiais e da aparência física do indivíduo na nossa época que chamamos de Modernidade. Antes mesmo de conhecer profundamente uma pessoa já emitimos nossa visão a partir do que esta pessoa possui ou faz (se só estuda, se trabalha, onde trabalha) e por ai vai... e acreditamos ser o suficiente para nos aproximar ou afastarmos, ou pior ainda para nos sentirmos acima ou inferiores. Quanto equivoco!
Ninguém é perfeito tudo bem, diz na própria Bíblia: “Quem não tiver pecados que atire a primeira pedra”. No entanto devemos usar deste argumento para nos colocarmos exatamente no lugar que devemos estar AO LADO de todo e qualquer SER vivo. Isso não é humildade, isso é igualdade, ser justo com você e com o outro. Repensar sobre nossas atitudes, pensamentos, intenções, olhar pra dentro de nós e por mais que doa, ao perceber o quanto temos errado, é algo necessário, não desista desta autocrítica, porque como coloca Beto Colombo: “Se você sabe que precisa mudar, mas não esta conseguindo, lembre-se de que ninguém chega a um resultado diferente fazendo as coisas do mesmo jeito”.

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