Após a leitura
da página 98, do livro Compostela:
Muito além do Caminho de Santiago de Mhanoel Mendes e Beto
Colombo, destaco um trecho:
“Num clima de gratidão, lembro
eu, nestes dois últimos refúgios, fomos recebidos como verdadeiros seres
humanos. Ninguém nos perguntou de onde éramos qual nosso extrato bancário ou se
tínhamos bens” (Mhanoel Mendes – Além do Caminho de Santiago).
Diz Mhanoel
Mendes: (...) como verdadeiros seres humanos. O que me faz
refletir, o que é ser HUMANO? Estamos agindo desta forma?
A diferença
entre o homem e todas as outras espécies vivas do planeta terra, esta no ato de
pensar. Somos seres que possuímos raciocínio lógico, dotados de inteligência.
Faço uma pausa em meu pensamento. Inteligência? Sim inteligência, no entanto
muitas vezes esta é puramente racional, ou seja, desprovida de emoção.
Talvez isto
explique porque normalmente venhamos a nos preocupar apenas com a aparência
externa, e quando Mhanoel diz: “Ninguém nos perguntou de onde éramos, qual
nosso extrato bancário ou se tínhamos bens”, causa-me o que Augusto
Cury chama de “choque de lucidez”, ou a própria psicologia de insight que na
linguagem popular é o famoso “cair a ficha”.
Percebo-me
dentro deste ciclo, preso a uma cultura que valoriza muito mais o que você
possui, do que a verdadeira essência de cada um de nós. Me faz lembrar que
acredito que pelo fato de ter 21 anos, normalmente quando conheço uma nova
pessoa antes mesmo de me perguntar o nome, vem o questionamento: Que
curso você faz? Fazendo-me refletir novamente, desta vez, sobre a
supervalorização do diploma, que exclui milhares de indivíduos que não
conseguiram chegar ao meio universitário, quando como diz Eduardo Marinho foram
boicotados nas redes publicas de ensino.
A palavra
pré-conceito, na sua escrita, já é possível extrair seu significado: emitir um
conceito anterior a experiência, seja sobre uma pessoa, lugar, imagem enfim...
Considerando a
supervalorização dos bens materiais e da aparência física do indivíduo na nossa
época que chamamos de Modernidade. Antes mesmo de conhecer profundamente uma
pessoa já emitimos nossa visão a partir do que esta pessoa possui ou faz (se só
estuda, se trabalha, onde trabalha) e por ai vai... e acreditamos ser o
suficiente para nos aproximar ou afastarmos, ou pior ainda para nos sentirmos
acima ou inferiores. Quanto equivoco!
Ninguém é
perfeito tudo bem, diz na própria Bíblia: “Quem não tiver pecados que atire
a primeira pedra”. No entanto devemos usar deste argumento para nos
colocarmos exatamente no lugar que devemos estar AO LADO de todo e qualquer SER
vivo. Isso não é humildade, isso é igualdade, ser justo com você e com o outro.
Repensar sobre nossas atitudes, pensamentos, intenções, olhar pra dentro de nós
e por mais que doa, ao perceber o quanto temos errado, é algo necessário, não
desista desta autocrítica, porque como coloca Beto Colombo: “Se você sabe
que precisa mudar, mas não esta conseguindo, lembre-se de que ninguém chega a
um resultado diferente fazendo as coisas do mesmo jeito”.
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